sábado, 23 de janeiro de 2010
Dr.Darsi Ferrer agredido em prisão cubana
Neste mesmo dia 22 de janeiro, nos chega notícia de Cuba, informando que o Dr. Darsi Ferrer acaba de ser agredido na prisão (pelo “reeducador”), mesmo estando algemado, e trasladado a outra área prisional, dentro da mesma penitenciária de Valle Grande. O motivo parece ser as denúncias que Dr. Darsi está fazendo sobre as condições da prisão. (A informação foi encaminhada pela esposa de Dr. Darsi, Yusnaimy Ferrer). Darsi é uma liderança do Movimento Negro cubano que foi preso em 21 de julho de 2009 injustamente por denunaciar o racismo na ilha cubana.
TV Estatal Cubana admite existência do racismo, em programa especial
Após as denúncias de importantes figuras intelectuais da diáspora afro-norteamericana, afro-caribenha e afro-brasileira, durante o ano de 2009, a TV Estatal Cubana reconhece, em programa especial, a existência de sério problema racial em Cuba.
Vale lembrar que em 20 de dezembro passado, falando à Assembléia Nacional, duas semanas após a firme declaração dos negros norte americanos sobre o racismo em Cuba, o próprio presidente Raul Castro mudou a conversa em 180 degraus, admitindo a existência de um serio problema que - diz ele - lhe causava "vergonha".
Veja a matéria completa do jornal El Nuevo Herald
Para muchos resultaba imposible que se realizara una mesa (de información en la TV) con este tema", reconoció el escritor Heriberto Feraudy ante las cámaras el jueves, al agradecer que el locutor le diera la palabra.
Titulada esta vez "Una batalla cubana contra el racismo", la Mesa Redonda del jueves es uno de los programas estelares de la televisión dirigido por el periodista Randy Alonso, donde diariamente las autoridades de la isla fijan posiciones sobre cuestiones políticas.
Esta vez, la emisión estuvo dedicada a este fenómeno social.
Casi media docena de especialista realizaron sendas intervenciones reconociendo que hay discriminación cultural en la isla, pese a que durante décadas la revolución se empeñó en negar su existencia, y a los esfuerzos jurídicos por lograr un reconocimiento para todos.
"Este es un tema de nuestra realidad", dijo el economista, Esteban Morales, investigador del Centro de Estudios Hemisféricos y sobre Estados Unidos.
"Algo que habíamos dado como resuelto (el racismo) afloró en el Periodo Especial (la crisis en la década pasada)... la igualdad es el proyecto, el deseo; la desigualdad es lo que encontramos todos los días".
Morales indicó que al triunfo de la revolución, la necesidad de superar la pobreza no hizo diferenciaciones en función del color de piel de las personas, pero en los 90, cuando las carencias económicas azotaron a la isla se vio que los blancos y los mestizos sufrieron menos.
Durante estos años también se prefirió "ocultar" el problema, explicó Morales, para evitar que fuera un factor de división en medio del enfrentamiento de la isla por defender su sistema comunista ante los ataques de sus detractores encabezados por el gobierno de Estados Unidos.
Según la Oficina Nacional de Estadística el 65% de los cubanos son blancos, el 10% negros y casi el 25% se catalogan como mestizos.
Estudios de comienzos de esta década mostraban que en los años precedentes, los blancos y mestizos tuvieron más posibilidades de conseguir dólares y divisas extranjeras -- o sea un mayor estándar de vida -- que los negros, en general con menos ingresos.
Según el sociólogo Pablo Rodríguez aunque hay convivencia y no se reportan incidentes de violencia física racial "aunque sí la hay de manera verbal".
"El racismo (en Cuba) es defensivo porque hubo un discurso desde el triunfo de la revolución que estigmatiza" la discriminación, dijo.
Rodríguez, del Centro de Estudios Antropológicos, mostró algunos de los trabajos de investigación sobre el tema según los cuales los mismos negros en la isla ven a su raza con elementos "negativos" contra los "positivos" de los blancos.
A finales del año pasado un documento firmado por personalidades de Estados Unidos lamentó el racismo en Cuba, pero la crítica fue rechazada por colegas de la isla, quienes aseguraron que la revolución había hecho por la igualdad social de todos los grupos raciales más que muchos gobiernos en el mundo.
http://www.elnuevoherald.com/noticias/america_latina/cuba/story/634290.html
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Moore, certeiro
Por Manuel Cuesta Morúa*
Em um artigo no jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba, edição de nove de dezembro de 2009, há uma tentativa declarada de desqualificar Carlos Moore, destacado militante antirracista cubano, professor e pesquisador, com uma ampla obra sobre temas raciais que trata do assunto do racismo tanto em Cuba, como em outras partes do mundo. E isso porque personalidades afro-brasileiras, afro-caribenhas e afro-norteamericanas, separadamente, se manifestaram a favor dos ativistas anti-racistas cubanos, naquilo que poderíamos chamar, com toda a propriedade e com um sentido hemisférico, de A Declaração Afro-americana em Favor dos Direitos Civis em Cuba.
Carlos Moore profere conferências na América Latina, Estados Unidos e África , e é uma importante figura reconhecida em diversos setores acadêmicos de grande magnitude e densidade cultural e intelectual. Trata-se de um homem de esquerda que soube mover-se com determinação, finura e delicadeza no emaranhado cenário da luta pelos direitos civis, pelo respeito das minorias, pela identidade e reconhecimento raciais, sem cair na armadilha do dinheiro e no tradicional jogo de interesses de Washington.
É de um homem como esse que o Granma fala mal; e faz isso muito mal! E por que o ataca? Porque o compatriota Moore acaba de romper, quase simultaneamente, o monopólio que o governo cubano mantinha mais ou menos intacto, até o dia primeiro de dezembro de 2009, sobre os três pilares fundamentais das Américas: os afro-brasileiros, os afro-caribenhos e os afro-norteamericanos. Até essa data, podíamos dizer que estes importantes setores tinham uma visão limitada e uma imagem ideal de Cuba, como certa Ilha de Tule, com uma obra social inigualável destinada, primorosamente, aos negros e mestiços do país.
A ruptura deste monopólio desnuda o rei e o deixa também sem guarda-roupa.
E as razões se explicam da seguinte maneira: poderíamos dizer que todos esses setores são anti-sistema, entendendo como sistema as pautas hegemônicas sobre as quais se baseia o modelo cultural de dominação nas Américas, e da qual o governo cubano faz parte, reconheça-o ou não. Esses setores não podem tampouco ser acusados de trabalhar a favor dos serviços de inteligência ocidentais, nem podem ser incriminados, por acaso, nas manobras reais ou o suposto do eixo Miami-Washington.
Portanto, a teoria do cisne negro ganha uma confirmação interessante neste caso específico. Se o caráter previsível daquelas críticas feitas ao governo cubano lhe permitia armar uma defesa geopolítica certamente eficaz para vários assuntos, sempre culpando o “imperialismo” por todos os seus males e adversidades, tudo isso desabou, confirmando que todos os cisnes são brancos. Com efeito, as declarações emitidas pelos afro-americanos, no sentido hemisférico do termo, vêm surpreender as autoridades cubanas, e incomodá-los, confirmando a “descoberta australiana” de que existem também cisnes negros capazes de nos surpreender.
Pois não é a mesma coisa ser acusado de violar, de maneira genérica e abstrata, os direitos humanos, do que ser acusado de racismo. Tanto Bush quanto os chineses podem ser enquadrados no primeiro caso; mas onde colocar Bush na segunda instância?
Estas declarações acabam de conferir um tom de maior complexidade a todo o imaginário global construído ao redor de Cuba. Não apenas somos um país falido, desigual, improdutivo, mal educado e bastante violento, mas - na visão de setores importantes da opinião pública mundial -, também racista. O que equivale dizer que completamos finalmente o essencial ciclo de normalização que nos faz ingressar no concerto geral das nações, o que nos era necessário para enfocar e assumir, de maneira madura, aquelas transformações de que o país necessita. Precisamos de uma foto que exiba todos os nossos traços, sem retoques de Photoshop, para nos ajudar a ter uma percepção melhor do que realmente somos.
Segundo o Granma, Moore é o arquiteto disso tudo; e, para se opor ao arquiteto, faz alguns movimentos erráticos.
Em primeiro lugar, diz que Carlos Moore é de “origem cubana”. O que é verdade, mas é uma verdade que se estende a todos os cubanos. Dessa maneira, com o intuito de transformar em ataque político uma classificação empregada pelos departamentos de imigração do Primeiro Mundo, o Granma reproduz um conceito frequentemente utilizado por setores racistas para macular e excluir todos aqueles culpados de serem supostamente “impuros” em algo. O Granma tende a utilizar pejorativamente esta designação cada vez que tenta atacar seus adversários cubanos que residem no exterior, sem perceber que com isto reafirma um estereótipo racista. Uma mordida crônica na própria cauda, revelando, assim, desespero e falta de controle.
Segundo, o Granma afirma que Moore “se apresenta como ‘especialista’ em assuntos raciais”, o que poderia ser contestado dizendo, do mesmo modo, que o Granma se apresenta como um jornal. É o tipo de crítica que emana dos quadrinhos cubanos de Elpidio Valdés, em que os espanhóis do século XIX são apresentados como se fossem soldados. Trata-se de uma crítica fraca, cuja intenção é denunciar uma impostura, mas que, no caso de Moore, resulta em uma ofensa àquelas numerosas universidades e editoras no mundo que acolhem suas conferências e publicam seus livros.
Terceiro, o Granma defende a idéia de que Moore “conseguira ludibriar um respeitável ativista do movimento de defesa da população negra brasileira”, cujo nome - não sei por que razão o Granma não menciona - é Abdias Nascimento. E aqui, o Granma comete um erro maiúsculo, ao se mostrar incapaz de captar a essência e a profundidade do debate racial nas Américas, que gira em torno da auto-estima. Esse é o pilar específico em torno do qual se agitam os movimentos de emancipação negra e que os fazem reagir a qualquer tentativa de manipulação. De modo que, para estes, a precaução e a desconfiança frente às possíveis armações “do outro lado”, são a primeira reação, quase instintiva, por parte de qualquer negro auto-assumido deste continente. Dessa maneira, o Granma consegue ofender Abdias Nascimento e, por extensão, ofender também os afro-caribenhos e afro-norteamericanos. Acho que o jornal incorreu nesse erro mais por ignorância do que por intenção.
Quarto, o órgão oficial do Partido Comunista repete seus ataques habituais contra os dissidentes, mas desta vez deve apresentar as provas que sustentem suas alegações. Alegar que Darsi Ferrer, que neste caso é o objeto da solidariedade expressa em todas as declarações (mas não de maneira restritiva), é “um dos beneficiários dos fundos da política anticubana das diferentes administrações norte-americanas”, somente pode ser considerado um expediente retórico típico do jornalismo militante, ou um despropósito com motivações políticas.
O Granma deveria, antes de tudo, oferecer provas concretas que sustentem tal acusação e, além disso, visitar o domicílio do Dr. Ferrer e verificar suas precárias condições de vida e sua casa caindo aos pedaços. A propósito, este argumento dos fundos norte-americanos deveria ser utilizado com extremo cuidado pelas autoridades cubanas, uma vez que a quantidade de projetos, tanto institucionais quanto pessoais de todo tipo, financiados em Cuba pela USAID ou por fundações americanas, enche uma grande lista pública. Mas, não se sabe por que razão, esta lista nunca foi publicada.
É claro que na terra do racismo cordial, sutil e astucioso, Ferrer não foi preso por ser negro. A coisa não é tão aberta assim em Cuba, não. O problema é que sua condição racial agrava sua situação, simplesmente porque as autoridades não concebem que um negro saia protestando por aí. É jogada na cara dele sua “ingratidão”, e eu mesmo tenho sido testemunha de como Darsi foi desrespeitado diretamente com uma das frases mais humilhantes que se pode ouvir: “parece mentira que você seja negro”. Uma frase como essa tem um grande peso na comunidade, nas prisões, nos testemunhos, nos julgamentos e nas sentenças judiciais. Não se pode explicar de outro modo o triste caso de Pánfilo, ou a condenação de Juan Carlos Robinson, espécie de “ex-faz tudo” do governo, culpado por um delito muito extravagante em Cuba, como o tráfico de influências e tantas outras coisas que não menciono por pudor, generosidade e respeito à memória. É assim que as coisas funcionam em Cuba.
Em quinto lugar – e aqui surge o caso típico de uso do direito de opinião como recurso jornalístico para mascarar o objeto do debate - não entendo como o Granma usa um argumento que, neste caso, acaba favorecendo Moore. Pois, utilizar o comentário de Leroi Jones, homem de prestígio, para desqualificar Moore, é como querer usar a liberdade de expressão para desqualificar a própria liberdade de expressão.
No exercício de seu pleno direito de expressão, Jones assegura que Moore vem realizando uma “provocação perversa”, e o Granma reconhece, por meio de Jones, que Moore vem falando sistematicamente sobre o tema racial desde a década de 1960. Ora, o que isso significa é que nosso compatriota teve a visão de enxergar o problema desde o início, e paciência suficiente para esperar que as mais legítimas vozes dos Estados Unidos decidissem falar da reprodução perversa do racismo em Cuba, um problema bastante evidente. O Granma deveria ser mais cuidadoso e compreender que se deve usar as palavras com cautela, pois elas proporcionam metáforas excelentes para qualificar mais uma situação do que um homem, inocentando-o.
Em sexto lugar, o Granma tenta explorar o tema da retratação de uma importante ativista que em princípio havia assinado a declaração. É impressionante como o jornal não se dá conta de que retratar-se é confirmar. Apenas no Direito a retratação tem valor, não na Psicologia. Este caso revela tanto o dispositivo de suspeita descrito mais acima, quanto as dúvidas que se podem ter na consciência. Também revela, e nada mais, quão profundamente a propaganda do governo penetrou nos setores afro-norteamericanos. Retirar seu nome “porque (a declaração) está sendo manipulada com o fim de legitimar o importante projeto social que se realiza neste país”, não nega a validade da denúncia; apenas alimenta, entre outras coisas, um paradoxo mais ideológico que real: o de um projeto social que convive com o racismo.
Sétimo e, finalmente, o órgão oficial do partido tenta, todavia, convencer-nos com a velha e desgastada prática do turismo revolucionário. É uma legião de visitantes estrangeiros que vêm a Cuba com o fim de confirmar in situ aquilo que já sabiam in petto, a uma boa distância. Lembro-me que quando adolescente via chilenos e uruguaios que chegavam a Cuba e se dirigiam em fila indiana ao acampamento Julio Antonio Mella, àquela altura localizado na zona de Caimito, em Havana. Vinham com o propósito de exaltar os grandes avanços de uma Cuba engajada na trilha da esquerda. Muitos nunca mais retornaram e outros, que chegaram exilados das ditaduras da América do Sul, seguiram viagem apressados em direção à Suécia ou a algum outro destino europeu.
Deve-se observar, no entanto, que o verdadeiro sucesso do turismo revolucionário cubano deu-se não tanto na Europa ou na América Latina, mas sim nos Estados Unidos. Ainda hoje alguns norte-americanos, contra todas as doutrinas e várias evidências, continuam se referindo a algo que denominam de projeto socialista, que caminha para a perfeição. Não sei se devo rir ou chorar quando escuto tais absurdos. Continuar afirmando que em Cuba existiu socialismo, é continuar julgando os projetos e as pessoas pelo que elas dizem ou disseram de si mesmas: uma operação intelectual contra a qual Karl Marx nos prevenia.
É mais próximo da realidade dizer que em Cuba há determinados programas a favor das maiorias sociais; entretanto, um modelo jesuíta como o cubano, em que os cidadãos têm que pedir autorização ao Estado para sair ou abandonar a Missão, não tem nada em comum com o socialismo, que é um projeto que exala modernidade e liberdade. É impressionante como alguns afro-norteamericanos, embora sensibilizados pelo seu próprio sofrimento e vivência cultural, o que os faz aptos a captar as sutilezas que se escondem por trás das máscaras das palavras, — sutilezas que o idioma inglês rejeita por sua própria estrutura — não sejam capazes de reconhecer a marginalidade em meio ao “projeto socialista”. Isto para mim é uma perplexidade, da qual não reclamo, contudo, uma vez que todo cidadão do mundo tem o direito de fazer suas próprias escolhas e de colocar uma venda quando lhe convém.
Mas a coisa se torna mais complicada quando o exercício dessa opção lhes confere mais direitos que a visão dos próprios cubanos em relação a seus problemas. E isto é muito comum entre os radicais de esquerda, que agem realmente como estrangeiros, não se interessando senão pela banalidade de se retratar ao lado de personagens “garciamarquianos”. E, todos, podemos optar por apoiar, criticar ou acompanhar; mas o que o Granma não deveria fazer, para garantir plena coerência, é sugerir aos cubanos que, em assuntos de Cuba, é mais importante a voz de um estrangeiro do que a de um cubano.
E tampouco pode o Granma pressupor que se um estrangeiro conversa com um grupo de cubanos in situ, sabe mais de Cuba do que qualquer cubano, residente ou não na ilha. E muito menos pode o Granma pensar que o turismo revolucionário tem alguma eficácia midiática em tempos de Google Earth, memórias flash, turismo comunitário e internet, pois isso pode até significar uma subestimação do vizinho mais próximo...
Moore foi certeiro. Mas não porque os cubanos negros, mestiços e brancos – que descrevem itinerários mais sinuosos na cidade do que a Rua 23, a 5ª Avenida ou os corredores do poder – precisassem de uma confirmação brasileira, caribenha ou norte-americana para existir em meio aos racismos cubanos.
Moore é certeiro, porque conseguiu articular a sensibilidade das melhores e mais autorizadas vozes para chamar a atenção sobre um dos problemas mais complexos a se resolver, a fim de se completar, assim, o projeto da nação cubana.
Muitos cidadãos cubanos, negros, mestiços e brancos agradecem a Moore por sua reconhecida perseverança. Mas para o Granma, a pergunta permanece: Cuba é um país racista?
*Filósofo, historiador e antropólogo
Em um artigo no jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba, edição de nove de dezembro de 2009, há uma tentativa declarada de desqualificar Carlos Moore, destacado militante antirracista cubano, professor e pesquisador, com uma ampla obra sobre temas raciais que trata do assunto do racismo tanto em Cuba, como em outras partes do mundo. E isso porque personalidades afro-brasileiras, afro-caribenhas e afro-norteamericanas, separadamente, se manifestaram a favor dos ativistas anti-racistas cubanos, naquilo que poderíamos chamar, com toda a propriedade e com um sentido hemisférico, de A Declaração Afro-americana em Favor dos Direitos Civis em Cuba.
Carlos Moore profere conferências na América Latina, Estados Unidos e África , e é uma importante figura reconhecida em diversos setores acadêmicos de grande magnitude e densidade cultural e intelectual. Trata-se de um homem de esquerda que soube mover-se com determinação, finura e delicadeza no emaranhado cenário da luta pelos direitos civis, pelo respeito das minorias, pela identidade e reconhecimento raciais, sem cair na armadilha do dinheiro e no tradicional jogo de interesses de Washington.
É de um homem como esse que o Granma fala mal; e faz isso muito mal! E por que o ataca? Porque o compatriota Moore acaba de romper, quase simultaneamente, o monopólio que o governo cubano mantinha mais ou menos intacto, até o dia primeiro de dezembro de 2009, sobre os três pilares fundamentais das Américas: os afro-brasileiros, os afro-caribenhos e os afro-norteamericanos. Até essa data, podíamos dizer que estes importantes setores tinham uma visão limitada e uma imagem ideal de Cuba, como certa Ilha de Tule, com uma obra social inigualável destinada, primorosamente, aos negros e mestiços do país.
A ruptura deste monopólio desnuda o rei e o deixa também sem guarda-roupa.
E as razões se explicam da seguinte maneira: poderíamos dizer que todos esses setores são anti-sistema, entendendo como sistema as pautas hegemônicas sobre as quais se baseia o modelo cultural de dominação nas Américas, e da qual o governo cubano faz parte, reconheça-o ou não. Esses setores não podem tampouco ser acusados de trabalhar a favor dos serviços de inteligência ocidentais, nem podem ser incriminados, por acaso, nas manobras reais ou o suposto do eixo Miami-Washington.
Portanto, a teoria do cisne negro ganha uma confirmação interessante neste caso específico. Se o caráter previsível daquelas críticas feitas ao governo cubano lhe permitia armar uma defesa geopolítica certamente eficaz para vários assuntos, sempre culpando o “imperialismo” por todos os seus males e adversidades, tudo isso desabou, confirmando que todos os cisnes são brancos. Com efeito, as declarações emitidas pelos afro-americanos, no sentido hemisférico do termo, vêm surpreender as autoridades cubanas, e incomodá-los, confirmando a “descoberta australiana” de que existem também cisnes negros capazes de nos surpreender.
Pois não é a mesma coisa ser acusado de violar, de maneira genérica e abstrata, os direitos humanos, do que ser acusado de racismo. Tanto Bush quanto os chineses podem ser enquadrados no primeiro caso; mas onde colocar Bush na segunda instância?
Estas declarações acabam de conferir um tom de maior complexidade a todo o imaginário global construído ao redor de Cuba. Não apenas somos um país falido, desigual, improdutivo, mal educado e bastante violento, mas - na visão de setores importantes da opinião pública mundial -, também racista. O que equivale dizer que completamos finalmente o essencial ciclo de normalização que nos faz ingressar no concerto geral das nações, o que nos era necessário para enfocar e assumir, de maneira madura, aquelas transformações de que o país necessita. Precisamos de uma foto que exiba todos os nossos traços, sem retoques de Photoshop, para nos ajudar a ter uma percepção melhor do que realmente somos.
Segundo o Granma, Moore é o arquiteto disso tudo; e, para se opor ao arquiteto, faz alguns movimentos erráticos.
Em primeiro lugar, diz que Carlos Moore é de “origem cubana”. O que é verdade, mas é uma verdade que se estende a todos os cubanos. Dessa maneira, com o intuito de transformar em ataque político uma classificação empregada pelos departamentos de imigração do Primeiro Mundo, o Granma reproduz um conceito frequentemente utilizado por setores racistas para macular e excluir todos aqueles culpados de serem supostamente “impuros” em algo. O Granma tende a utilizar pejorativamente esta designação cada vez que tenta atacar seus adversários cubanos que residem no exterior, sem perceber que com isto reafirma um estereótipo racista. Uma mordida crônica na própria cauda, revelando, assim, desespero e falta de controle.
Segundo, o Granma afirma que Moore “se apresenta como ‘especialista’ em assuntos raciais”, o que poderia ser contestado dizendo, do mesmo modo, que o Granma se apresenta como um jornal. É o tipo de crítica que emana dos quadrinhos cubanos de Elpidio Valdés, em que os espanhóis do século XIX são apresentados como se fossem soldados. Trata-se de uma crítica fraca, cuja intenção é denunciar uma impostura, mas que, no caso de Moore, resulta em uma ofensa àquelas numerosas universidades e editoras no mundo que acolhem suas conferências e publicam seus livros.
Terceiro, o Granma defende a idéia de que Moore “conseguira ludibriar um respeitável ativista do movimento de defesa da população negra brasileira”, cujo nome - não sei por que razão o Granma não menciona - é Abdias Nascimento. E aqui, o Granma comete um erro maiúsculo, ao se mostrar incapaz de captar a essência e a profundidade do debate racial nas Américas, que gira em torno da auto-estima. Esse é o pilar específico em torno do qual se agitam os movimentos de emancipação negra e que os fazem reagir a qualquer tentativa de manipulação. De modo que, para estes, a precaução e a desconfiança frente às possíveis armações “do outro lado”, são a primeira reação, quase instintiva, por parte de qualquer negro auto-assumido deste continente. Dessa maneira, o Granma consegue ofender Abdias Nascimento e, por extensão, ofender também os afro-caribenhos e afro-norteamericanos. Acho que o jornal incorreu nesse erro mais por ignorância do que por intenção.
Quarto, o órgão oficial do Partido Comunista repete seus ataques habituais contra os dissidentes, mas desta vez deve apresentar as provas que sustentem suas alegações. Alegar que Darsi Ferrer, que neste caso é o objeto da solidariedade expressa em todas as declarações (mas não de maneira restritiva), é “um dos beneficiários dos fundos da política anticubana das diferentes administrações norte-americanas”, somente pode ser considerado um expediente retórico típico do jornalismo militante, ou um despropósito com motivações políticas.
O Granma deveria, antes de tudo, oferecer provas concretas que sustentem tal acusação e, além disso, visitar o domicílio do Dr. Ferrer e verificar suas precárias condições de vida e sua casa caindo aos pedaços. A propósito, este argumento dos fundos norte-americanos deveria ser utilizado com extremo cuidado pelas autoridades cubanas, uma vez que a quantidade de projetos, tanto institucionais quanto pessoais de todo tipo, financiados em Cuba pela USAID ou por fundações americanas, enche uma grande lista pública. Mas, não se sabe por que razão, esta lista nunca foi publicada.
É claro que na terra do racismo cordial, sutil e astucioso, Ferrer não foi preso por ser negro. A coisa não é tão aberta assim em Cuba, não. O problema é que sua condição racial agrava sua situação, simplesmente porque as autoridades não concebem que um negro saia protestando por aí. É jogada na cara dele sua “ingratidão”, e eu mesmo tenho sido testemunha de como Darsi foi desrespeitado diretamente com uma das frases mais humilhantes que se pode ouvir: “parece mentira que você seja negro”. Uma frase como essa tem um grande peso na comunidade, nas prisões, nos testemunhos, nos julgamentos e nas sentenças judiciais. Não se pode explicar de outro modo o triste caso de Pánfilo, ou a condenação de Juan Carlos Robinson, espécie de “ex-faz tudo” do governo, culpado por um delito muito extravagante em Cuba, como o tráfico de influências e tantas outras coisas que não menciono por pudor, generosidade e respeito à memória. É assim que as coisas funcionam em Cuba.
Em quinto lugar – e aqui surge o caso típico de uso do direito de opinião como recurso jornalístico para mascarar o objeto do debate - não entendo como o Granma usa um argumento que, neste caso, acaba favorecendo Moore. Pois, utilizar o comentário de Leroi Jones, homem de prestígio, para desqualificar Moore, é como querer usar a liberdade de expressão para desqualificar a própria liberdade de expressão.
No exercício de seu pleno direito de expressão, Jones assegura que Moore vem realizando uma “provocação perversa”, e o Granma reconhece, por meio de Jones, que Moore vem falando sistematicamente sobre o tema racial desde a década de 1960. Ora, o que isso significa é que nosso compatriota teve a visão de enxergar o problema desde o início, e paciência suficiente para esperar que as mais legítimas vozes dos Estados Unidos decidissem falar da reprodução perversa do racismo em Cuba, um problema bastante evidente. O Granma deveria ser mais cuidadoso e compreender que se deve usar as palavras com cautela, pois elas proporcionam metáforas excelentes para qualificar mais uma situação do que um homem, inocentando-o.
Em sexto lugar, o Granma tenta explorar o tema da retratação de uma importante ativista que em princípio havia assinado a declaração. É impressionante como o jornal não se dá conta de que retratar-se é confirmar. Apenas no Direito a retratação tem valor, não na Psicologia. Este caso revela tanto o dispositivo de suspeita descrito mais acima, quanto as dúvidas que se podem ter na consciência. Também revela, e nada mais, quão profundamente a propaganda do governo penetrou nos setores afro-norteamericanos. Retirar seu nome “porque (a declaração) está sendo manipulada com o fim de legitimar o importante projeto social que se realiza neste país”, não nega a validade da denúncia; apenas alimenta, entre outras coisas, um paradoxo mais ideológico que real: o de um projeto social que convive com o racismo.
Sétimo e, finalmente, o órgão oficial do partido tenta, todavia, convencer-nos com a velha e desgastada prática do turismo revolucionário. É uma legião de visitantes estrangeiros que vêm a Cuba com o fim de confirmar in situ aquilo que já sabiam in petto, a uma boa distância. Lembro-me que quando adolescente via chilenos e uruguaios que chegavam a Cuba e se dirigiam em fila indiana ao acampamento Julio Antonio Mella, àquela altura localizado na zona de Caimito, em Havana. Vinham com o propósito de exaltar os grandes avanços de uma Cuba engajada na trilha da esquerda. Muitos nunca mais retornaram e outros, que chegaram exilados das ditaduras da América do Sul, seguiram viagem apressados em direção à Suécia ou a algum outro destino europeu.
Deve-se observar, no entanto, que o verdadeiro sucesso do turismo revolucionário cubano deu-se não tanto na Europa ou na América Latina, mas sim nos Estados Unidos. Ainda hoje alguns norte-americanos, contra todas as doutrinas e várias evidências, continuam se referindo a algo que denominam de projeto socialista, que caminha para a perfeição. Não sei se devo rir ou chorar quando escuto tais absurdos. Continuar afirmando que em Cuba existiu socialismo, é continuar julgando os projetos e as pessoas pelo que elas dizem ou disseram de si mesmas: uma operação intelectual contra a qual Karl Marx nos prevenia.
É mais próximo da realidade dizer que em Cuba há determinados programas a favor das maiorias sociais; entretanto, um modelo jesuíta como o cubano, em que os cidadãos têm que pedir autorização ao Estado para sair ou abandonar a Missão, não tem nada em comum com o socialismo, que é um projeto que exala modernidade e liberdade. É impressionante como alguns afro-norteamericanos, embora sensibilizados pelo seu próprio sofrimento e vivência cultural, o que os faz aptos a captar as sutilezas que se escondem por trás das máscaras das palavras, — sutilezas que o idioma inglês rejeita por sua própria estrutura — não sejam capazes de reconhecer a marginalidade em meio ao “projeto socialista”. Isto para mim é uma perplexidade, da qual não reclamo, contudo, uma vez que todo cidadão do mundo tem o direito de fazer suas próprias escolhas e de colocar uma venda quando lhe convém.
Mas a coisa se torna mais complicada quando o exercício dessa opção lhes confere mais direitos que a visão dos próprios cubanos em relação a seus problemas. E isto é muito comum entre os radicais de esquerda, que agem realmente como estrangeiros, não se interessando senão pela banalidade de se retratar ao lado de personagens “garciamarquianos”. E, todos, podemos optar por apoiar, criticar ou acompanhar; mas o que o Granma não deveria fazer, para garantir plena coerência, é sugerir aos cubanos que, em assuntos de Cuba, é mais importante a voz de um estrangeiro do que a de um cubano.
E tampouco pode o Granma pressupor que se um estrangeiro conversa com um grupo de cubanos in situ, sabe mais de Cuba do que qualquer cubano, residente ou não na ilha. E muito menos pode o Granma pensar que o turismo revolucionário tem alguma eficácia midiática em tempos de Google Earth, memórias flash, turismo comunitário e internet, pois isso pode até significar uma subestimação do vizinho mais próximo...
Moore foi certeiro. Mas não porque os cubanos negros, mestiços e brancos – que descrevem itinerários mais sinuosos na cidade do que a Rua 23, a 5ª Avenida ou os corredores do poder – precisassem de uma confirmação brasileira, caribenha ou norte-americana para existir em meio aos racismos cubanos.
Moore é certeiro, porque conseguiu articular a sensibilidade das melhores e mais autorizadas vozes para chamar a atenção sobre um dos problemas mais complexos a se resolver, a fim de se completar, assim, o projeto da nação cubana.
Muitos cidadãos cubanos, negros, mestiços e brancos agradecem a Moore por sua reconhecida perseverança. Mas para o Granma, a pergunta permanece: Cuba é um país racista?
*Filósofo, historiador e antropólogo
domingo, 13 de dezembro de 2009
DECLARAÇÃO AFRO-AMERICANA
Nós, abaixo assinados, nos unimos ao crescente clamor internacional contra a prisão injusta do Dr. DARSI FERRER, por parte das autoridades cubanas. O Dr. FERRER é um líder afro-cubano de reconhecimento internacional junto a lideranças e organismos que lutam pelos direitos civis e que, corajosamente, colocou sua vida em risco, tendo ficado por 17 dias em uma greve de fome desencadeada pela absoluta necessidade de se chamar a atenção para as condições de racismo e de discriminação racial a que estão submetidos os negros em Cuba e que tem sido ignorada pelas autoridades cubanas e - até mesmo - internacionais!
Apoiamos a posição do nobre professor ABDIAS NASCIMENTO, líder histórico do Movimento Negro do Brasil, e de outros militantes ao redor do mundo, que exigem a libertação imediata do Dr. Ferrer. Além disso, apoiamos a exigência de que Cuba reconheça o Dr. Ferrer como um prisioneiro político, ao invés de um "criminoso comum", como é o caso agora.
A Carta Aberta que o Dr. Nascimento dirigiu aos Chefes de Estado de Cuba e do Brasil, respectivamente, General Raúl Castro Ruz e Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é inequívoca. Ele solicita ao presidente de Cuba que pare o injustificado e brutal assédio de que vêm sendo vítimas os cidadãos negros em Cuba, que atuam unicamente na defesa de seus direitos civis. Da mesma forma, dirigiu pedido para que o presidente do Brasil interceda imediatamente junto ao governo cubano, solicitando a salvaguarda dos direitos dos cidadãos mais oprimidos de Cuba, que, neste caso, atinge mais de 62% da população total.
O Professor ABDIAS NASCIMENTO, de longa data, tem apoiado a Revolução Cubana e o governo, mas ele, como nós, não pode ficar calado diante das crescentes violações de direitos civis e humanos que vem acometendo os ativistas negros em Cuba; aqueles que se atrevem a levantar suas vozes contra o sistema racial da Ilha. De há muito esses corajosos e solitários defensores dos direitos civis vêm sendo vítimas de violência provocada, de intimidação e de prisão por parte do Estado.
Como afro-americanos, sabemos de antemão das experiências e das conseqüências quando temos as liberdades civis negadas com base na raça. E nós sabemos o que é discriminação racial e o que ela causa às pessoas. Nós não toleramos isso no seio de nossa nação e certamente não vamos compor com quem quer que esteja praticando esse crime contra qualquer outro povo. Por essa razão, nos sentimos ainda mais impelidos a mostrar nossa posição sobre o que está acontecendo com nossos irmãos cubanos a poucos quilômetros de distância.
Apoiamos o direito de Cuba de desfrutar de sua soberania nacional, e sem hesitação, repudiamos qualquer tentativa de cercear tal direito. No entanto, neste momento histórico, nós também acreditamos que não podemos ficar calados e permitir que a população negra como um todo, que vem lutando por dignidade, de modo pacífico, buscando seus direitos civis em Cuba, tenha seus direitos como cidadãos tratados com desprezo e, elas mesmas como pessoas, tratadas como as mais marginalizadas na ilha.
O racismo em Cuba ou em qualquer outro lugar do mundo é inaceitável e deve ser combatido!
Apelamos às autoridades e ao Governo de Cuba para a imediata e incondicional liberdade para nosso irmão, Dr. Darsi Ferrer.
Ver lista dos intelectuais que assinaram esse manifesto em:
http://afrocubaweb.com/actingonourconscience.htm
Apoiamos a posição do nobre professor ABDIAS NASCIMENTO, líder histórico do Movimento Negro do Brasil, e de outros militantes ao redor do mundo, que exigem a libertação imediata do Dr. Ferrer. Além disso, apoiamos a exigência de que Cuba reconheça o Dr. Ferrer como um prisioneiro político, ao invés de um "criminoso comum", como é o caso agora.
A Carta Aberta que o Dr. Nascimento dirigiu aos Chefes de Estado de Cuba e do Brasil, respectivamente, General Raúl Castro Ruz e Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é inequívoca. Ele solicita ao presidente de Cuba que pare o injustificado e brutal assédio de que vêm sendo vítimas os cidadãos negros em Cuba, que atuam unicamente na defesa de seus direitos civis. Da mesma forma, dirigiu pedido para que o presidente do Brasil interceda imediatamente junto ao governo cubano, solicitando a salvaguarda dos direitos dos cidadãos mais oprimidos de Cuba, que, neste caso, atinge mais de 62% da população total.
O Professor ABDIAS NASCIMENTO, de longa data, tem apoiado a Revolução Cubana e o governo, mas ele, como nós, não pode ficar calado diante das crescentes violações de direitos civis e humanos que vem acometendo os ativistas negros em Cuba; aqueles que se atrevem a levantar suas vozes contra o sistema racial da Ilha. De há muito esses corajosos e solitários defensores dos direitos civis vêm sendo vítimas de violência provocada, de intimidação e de prisão por parte do Estado.
Como afro-americanos, sabemos de antemão das experiências e das conseqüências quando temos as liberdades civis negadas com base na raça. E nós sabemos o que é discriminação racial e o que ela causa às pessoas. Nós não toleramos isso no seio de nossa nação e certamente não vamos compor com quem quer que esteja praticando esse crime contra qualquer outro povo. Por essa razão, nos sentimos ainda mais impelidos a mostrar nossa posição sobre o que está acontecendo com nossos irmãos cubanos a poucos quilômetros de distância.
Apoiamos o direito de Cuba de desfrutar de sua soberania nacional, e sem hesitação, repudiamos qualquer tentativa de cercear tal direito. No entanto, neste momento histórico, nós também acreditamos que não podemos ficar calados e permitir que a população negra como um todo, que vem lutando por dignidade, de modo pacífico, buscando seus direitos civis em Cuba, tenha seus direitos como cidadãos tratados com desprezo e, elas mesmas como pessoas, tratadas como as mais marginalizadas na ilha.
O racismo em Cuba ou em qualquer outro lugar do mundo é inaceitável e deve ser combatido!
Apelamos às autoridades e ao Governo de Cuba para a imediata e incondicional liberdade para nosso irmão, Dr. Darsi Ferrer.
Ver lista dos intelectuais que assinaram esse manifesto em:
http://afrocubaweb.com/actingonourconscience.htm
Abordagem policial em Cuba
Em Cuba a polícia detém sistematicamente e registra os jovens negros. Isso lá é chamado de "controle fisionométrico". A brutalidade da policia cubana para com os jovens negros (considerasdos como "ociosos", "criminosos" e "disidentes") é proverbial. O que faz que isso seja algo terrivel é que em Cuba não há tribunais independentes, nem advogados autônomos, para fazer denuncias. Por isso, uma jovem advogada, Lariza Diversent, decidiu defender esses jovens negros. Ela é hoje, aos 29 anos, uma referencia national dentro da dissidência negra pelos direitos civis.
Desafíos de la problemática racial en Cuba
Recentemente foi lançado o livro "Desafíos de la problemática racial en Cuba" de Esteban Morales Domínguez, funcionário do governo cubano, sobre a questão racial naquele país.
Abaixo alguns trechos da obra editada pela Fundação Fernando Ortiz, em Havana.
"Se observan aún conjunto de desventajas para los negros y mestizos, en términos de acesso a los mejores empleos, poca presencia en los cargos de la estructura estatal a todos los niveles, sobrerrepresentación en los bairros marginales, peores condiciones de vivenda y de vida en general, entre otros, que nos dice que todavía hay que avanzar mucho para que ambos grupos se pongan a la par con la llamada población blanca". (pg. 16)
"...en nuestra educación, aún están presentes y son alimentadas las ten blanqueiamento (...) vivimos dentro de una sociedad de supremacía blanca, onde sobreviven la discriminación por el color de la piel y el racismo". (pg. 21)
"En cuanto a la obtención de una cultura del ejercicio del poder, el negro y el mestizo están en desvantaja con relación al blanco.; porque el blanco en Cuba siempre ejerció el poder. Lo aprendió desde la cuna, se lo transmitió la familia. Y ahora continúa en ventaja, incrementando su cultura de ejercicio del poder". (pg. 234)
"Se comenzaron a dar pasos, entre otros, para efectuar un Censo Nacional de Dirigentes del Estado, cuyos resultados fueron publicados por el Comité Estatal de Estadísticas en 1987. En el mismo se ratificaba la sobrerepresenación del componente blanco en las entidades municipales , provinciales y nacionales del Estado" (pg. 235)
Dados: Informe Central al Tecer Congreso del Partido Comunista de Cuba, Editroa polícia, La Habana, 1986. p.95.
** Nível municipal: blancos 71,9%, negros 12,1 y mestizos 16%; En nivel provincial blancos 73,8%, negros 12,1% y mestizos 15,4%. Para una resultante a nivel nacional de 66,1% blancos, 12.1% negros y 21,9% de mestizos. La desventaja de negro s y mestizos en el acceso a cargos de dirección ya se hacía evidente.
Abaixo alguns trechos da obra editada pela Fundação Fernando Ortiz, em Havana.
"Se observan aún conjunto de desventajas para los negros y mestizos, en términos de acesso a los mejores empleos, poca presencia en los cargos de la estructura estatal a todos los niveles, sobrerrepresentación en los bairros marginales, peores condiciones de vivenda y de vida en general, entre otros, que nos dice que todavía hay que avanzar mucho para que ambos grupos se pongan a la par con la llamada población blanca". (pg. 16)
"...en nuestra educación, aún están presentes y son alimentadas las ten blanqueiamento (...) vivimos dentro de una sociedad de supremacía blanca, onde sobreviven la discriminación por el color de la piel y el racismo". (pg. 21)
"En cuanto a la obtención de una cultura del ejercicio del poder, el negro y el mestizo están en desvantaja con relación al blanco.; porque el blanco en Cuba siempre ejerció el poder. Lo aprendió desde la cuna, se lo transmitió la familia. Y ahora continúa en ventaja, incrementando su cultura de ejercicio del poder". (pg. 234)
"Se comenzaron a dar pasos, entre otros, para efectuar un Censo Nacional de Dirigentes del Estado, cuyos resultados fueron publicados por el Comité Estatal de Estadísticas en 1987. En el mismo se ratificaba la sobrerepresenación del componente blanco en las entidades municipales , provinciales y nacionales del Estado" (pg. 235)
Dados: Informe Central al Tecer Congreso del Partido Comunista de Cuba, Editroa polícia, La Habana, 1986. p.95.
** Nível municipal: blancos 71,9%, negros 12,1 y mestizos 16%; En nivel provincial blancos 73,8%, negros 12,1% y mestizos 15,4%. Para una resultante a nivel nacional de 66,1% blancos, 12.1% negros y 21,9% de mestizos. La desventaja de negro s y mestizos en el acceso a cargos de dirección ya se hacía evidente.
sábado, 12 de dezembro de 2009
Estatísticas do racismo em Cuba
Afro-cubanos compreendem mais de 60 por cento da população da ilha, mas ... [1]
• Cubanos pretos e de pele escura (multirracial) representam apenas cinco por cento dos trabalhadores da hotelaria (que tendem a oferecer os salários mais altos para os padrões cubanos), enquanto que compõem quase 70 % da força de trabalho. [2]
• Além disso, apenas cerca de 35 por cento dos cargos de gestão na estatal do setor são ocupados por cubanos negros e mulatos (biracial) . [3]
• Afro-cubanos são desproporcionalmente representados na população prisional - 80% dos presos de Cuba são negros ou mulatos. [4]
• Cubanos de ascendência européia recebem 250 por cento mais em remessas (em dinheiro) de família no estrangeiro do que os seus vizinhos afro-cubanos. Disparidades de rendimentos crescentes, por sua vez pode estar afetando as oportunidades educacionais, bem como opções de trabalho de muitos cubanos de ascendência Africano. [5]
• Em termos de ensino superior, afro-cubanos já são percebidos como lamentavelmente sub - respondendo por 3% das matrículas universitárias.
Afro-cubanos no Governo de Castro
• Lideranças sênios do Partido Comunista de Cuba: 17% [7]
• Comissão Executiva (Secretaria) do Partido Comunista de Cuba: 4% [8]
• Conselho de Estado (chefe de Estado e dos Assessores Superiores): 35% [9]
• Conselho de Ministros (presidente e membros do Gabinete): 8% [10]
• Assembleia Nacional (Parlamento cubano): 36% [11]
• Assembléias Provinciais (legislaturas provinciais): 35% [12]
• Altos Comandos, Forças Armadas Revolucionárias (FAR): 10% [13]
* Este relatório foi elaborado por Hans de Salas del Valle, Pesquisador Associado do projeto Projeto em Transição, Instituto de Cubanos e Cubano-Americana de Estudos da Universidade de Miami.
• Cubanos pretos e de pele escura (multirracial) representam apenas cinco por cento dos trabalhadores da hotelaria (que tendem a oferecer os salários mais altos para os padrões cubanos), enquanto que compõem quase 70 % da força de trabalho. [2]
• Além disso, apenas cerca de 35 por cento dos cargos de gestão na estatal do setor são ocupados por cubanos negros e mulatos (biracial) . [3]
• Afro-cubanos são desproporcionalmente representados na população prisional - 80% dos presos de Cuba são negros ou mulatos. [4]
• Cubanos de ascendência européia recebem 250 por cento mais em remessas (em dinheiro) de família no estrangeiro do que os seus vizinhos afro-cubanos. Disparidades de rendimentos crescentes, por sua vez pode estar afetando as oportunidades educacionais, bem como opções de trabalho de muitos cubanos de ascendência Africano. [5]
• Em termos de ensino superior, afro-cubanos já são percebidos como lamentavelmente sub - respondendo por 3% das matrículas universitárias.
Afro-cubanos no Governo de Castro
• Lideranças sênios do Partido Comunista de Cuba: 17% [7]
• Comissão Executiva (Secretaria) do Partido Comunista de Cuba: 4% [8]
• Conselho de Estado (chefe de Estado e dos Assessores Superiores): 35% [9]
• Conselho de Ministros (presidente e membros do Gabinete): 8% [10]
• Assembleia Nacional (Parlamento cubano): 36% [11]
• Assembléias Provinciais (legislaturas provinciais): 35% [12]
• Altos Comandos, Forças Armadas Revolucionárias (FAR): 10% [13]
* Este relatório foi elaborado por Hans de Salas del Valle, Pesquisador Associado do projeto Projeto em Transição, Instituto de Cubanos e Cubano-Americana de Estudos da Universidade de Miami.
Assinar:
Postagens (Atom)